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ROSALÍA DE CASTRO

 

 

Nasin cand' as prantas nasen,
No mes das froles nasin,
Nunh' alborada mainíña,
Nunh' alborada d'
abril.
Por eso me chaman Rosa
Mais á triste sorrir
Con espiñas para todos
Sin ningunha para tí.
Dés
que te quixen, ingrato,
Tod' acabou
para min,
Qu'
eras para min todo
Miña groria e meu vivir.
De
que pois te queixas, Mauro?
De
que pois te queixas, di,
Cando sabes
que morrera
Por te contemplar felis?
Duro crabo me encrabaches
Con ese
teu maldesir,
Con ese
teu pedir tolo
Que non sei que quer de min,
Pois dinche canto dar puden
Avariciosa de ti,
O
meu corason che mando
C' unha chave par' ó abrir,
Nin
eu teño mais que darche,
Nin ti
mais que me pedir.

 
 

Nasci quando as plantas nascem,
No mês das flores nasci.
Numa
alvorada levinha,
Numa
alvorada de abril.
Por isso me chamam Rosa,
Essa do
triste sorrir,
Com espinhos para todos,
Mas sem nenhum para ti.
Desde que te quis, ingrato,
Tudo acabou para mim,
Pois para mim eras tudo,
meu louvor, meu existir.
De
que então te queixas, Mauro?
De
que te queixas, me diz?
Sabendo
que eu morreria
para te ver feliz?
Duro cravo me cravaste
Com teu maldizer sem fim,
Com esse teu pedir louco
Que não sei que quer de mim,
Pois dei-te quanto podia,
Tão avarenta de ti,
O
meu coração te mando
Com uma chave para o abrir;
Nem eu tenho mais que dar-te,
Nem tens mais que me pedir.

in Cantares galegos, 1863

 

 

Agora cabelos negros,
Máis
tarde cabelos brancos;
Agora dentes de prata,
Mañán chavellos querbados;
Hoxe fazulas de
rosas,
Mañán de coiro enrugado.
  
Morte negra, morte negra,
Cura de dóres i engaños:
¿
Por qué non matalas mozas
Antes que as maten os anos? 

 

Agora cabelos negros,
Mais tarde cabelos brancos;
Agora dentes de prata,
Amanhã dentes quebrados;
Hoje bochechas rosadas,
Amanhã corpo enrugado.
  
Morte negra, morte negra,
Cura de dores e enganos:
Por que não as matas jovens
Antes que as matem os anos?

in 'Folhas novas', 1880

  
*

Traduções: Fábio Aristimunho

 *

 

Rosalía de Castro (1837-1885). Uma das principais responsáveis pelo Rexurdimento, movimento que marca o renascimento da literatura em língua galega no séc. XIX. Teve uma vida itinerante, por conta do ofício de seu marido (Manuel Murguía, historiador e fundador da Real Academia Galega), tendo vivido em diversas cidades da Espanha, como Santiago, Madri, Lugo, A Coruña, Estremadura, Padrón, entre outras. Mãe de seis filhos, a morte do filho mais novo, ainda na infância, e a sua posterior enfermidade amargaram-lhe os últimos anos de vida. Morreu em 1885, e em 1891 seus restos foram trasladados para o Panteão de Galegos Ilustres , em Santiago de Compostela. Escreveu importante obra em galego e castelhano, da qual se destacam os livros Cantares gallegos (1863), considerado o marco inicial do Rexurdimento, e Follas novas (1880).

*

 

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