SHARON
OLDS
THE DEATH OF MARYLIN MONROE
The ambulance men touched her cold
body, lifted it, heavy as iron,
onto the stretcher, tried to close
the mouth, closed her eyes, tied the
arms to the side, moved a caught
strand of hair, as if it mattered,
saw the shape of her breasts, flattened by
gravity, under the sheet,
carried her, as if it were she,
down the steps.
These men were never the same. They went out
afterwards, as they always did,
for a drink or two, but they could not meet
each other´s eyes.
Their lives took
a turn - one had nightmares, strange
pains, impotence, depression. One did not
like his work, his wife looked
different, his
kids. Even death
seemed different to him - a place where she
would be waiting,
and one found himself standing at night
in the doorway to a room of sleep, listening to a
woman breathing, just an ordinary
woman
breathing.
A MORTE DE
MARYLIN MONROE
Os homens da
ambulância tocaram seu frio
corpo, ergueram,
pesado como ferro,
até a padiola,
tentaram fechar
a boca, cerraram os olhos, ataram os
braços ao lado,
soltaram uma mecha
de cabelo presa,
como se fizesse diferença,
viram a forma
dos seios, achatados pela
gravidade, sob o
lençol,
carregaram ela,
como se aquilo fosse ela,
escada abaixo.
Esses homens
nunca foram os mesmos. Saíram
depois, como
faziam sempre,
pra tomar uma
gelada, mas não conseguiam encontrar
os olhos um do
outro.
A vida deles deu
uma virada -
um tinha pesadelos, estranhas
dores, impotência,
depressão. Um não
gostava do
trabalho, sua mulher tinha ficado
diferente, seus
filhos. Até a morte
parecia
diferente pra ele - um lugar onde ela
estaria
esperando,
e um se viu em pé
à noite
na entrada de um
quarto, ouvindo uma
mulher
respirando, só uma simples
mulher
respirando.
Tradução:
Ricardo Carvalho
*
Sharon
Olds nasceu em San Francisco, na California, em 1942.
Poeta com vários livros premiados, publicou: Satan
Says (1980), The Dead and the Living (1983), The
Father (1992), The
Wellspring (1995), The
Gold Cell (1997), Blood,
Tin, Straw (1999), Selected
Poems (2004, Knopf). De 98 a 2000, foi
poeta oficial do estado de New York. Dá aulas/oficinas de
escrita criativa na New York University e em lugares
alternativos, como prisões e alas de hospital com pacientes
de necessidades especiais extremas. Politicamente ativa,
recentemente recusou, em carta aberta publicada no The Nation, o convite de Laura Bush para se apresentar no National
Book Festival, na Biblioteca do Congresso e na Casa Branca,
alegando não ter estômago para dividir o pão com a
administração Bush, principalmente pela questão da Guerra
do Iraque. Poeta do corpo como possibilidade de conhecimento e
prazer, ela escreveu:
I have learned to get pleasure from speaking of pain (aprendi
a extrair prazer de falar da dor).
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