ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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 SOHRAB SEPEHRI


 

 

AO JARDIM DOS VIAJANTES

 

Chame, oh me chame

sua voz soa tão bem

sua voz é como a verde essência da erva rara

que cresce na intimidade mais extrema da tristeza.

 

Nas dimensões desta era de silêncio,

Me sinto mais só que o fragmento de uma canção

ecoando na percepção de uma ruela.

Venha, deixe eu lhe dizer como é vasta a minha solidão

e minha solidão não previu

a magnitude da sua incursão noturna,

tal é a força do amor.

 

Não há ninguém.

Vamos roubar a vida, e depois

dividi-la entre dois encontros.

Vamos tentar entender, você e eu,

algo sobre a natureza da pedra.

Vamos discernir as coisas mais rapidamente.

Veja como as mãos da fonte pulverizam o tempo

na marca circular do lago.

 

Desvaneça como uma palavra na linha do meu silêncio

apague a massa luminosa do amor na palma da minha mão.

 

 

Tradução livre do inglês para o português realizada por Arlene Clemesha, a partir do livro The Lover is always Alone, Selected Poems –  traduzido do farsi para o inglês por Karim Emami, Ed. Shaul Bakhash, 2004, Irã.

 

 



 

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Sohrab Sepehri é um dos mais importantes poetas contemporâneos do Irã. Sua coletânea de poemas em oito livros está sempre em alta. Junto com os poetas imortais como Hafez, Saadi, Rumi, Ferdowsi e Khayyam, são sempre lembrados no Irã atual Forough Farrokhzad, Shamlu e Sepehri. Sohrab Sepehri nasceu em Kashan, em 1928. De família de classe média, seu bisavô foi um conhecido homem das letras e historiador. Seu talento para desenhar e pintar se manifestou desde cedo, assim como seu dom para escrever poemas. Em 1957 viajou pela primeira vez à Europa e aprofundou seus estudos de arte e francês. Desde 1962 Sepehri dedicou-se totalmente à sua arte: pintura e poesia. Durante a década de 60 viajou bastante e até expôs no Brasil, em São Paulo. Pouco se sabe sobre sua vida pessoal, mas seus poemas aludem à existência de uma misteriosa mulher. Em janeiro de 1979 soube que tinha leucemia. Morreu em abril de 1980. (Kashan).

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