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 VALÉRIO MAGRELLI



VALÉRIO MAGRELLI

 

 

DIECE POESIE SCRITTE IN UN MESE

 

Dieci poesie scritte in un mese

non è molto anche se questa

sarebbe l’undicesima.

Neanche i temi poi sono diversi

anzi c’è un solo tema

e ha per tema il tema, come adesso.

Questo per dire quanto

resta di qua della pagina

e bussa e non può entrare,

e non deve. La scrittura

non è specchio, piuttosto

il vetro zigrinato delle docce,

dove il corpo si sgretola

e solo la sua ombra traspare

incerta ma reale.

E non si riconosce chi si lava

ma soltanto il suo gesto.

Perciò che importa

vedere dietro la filigrana,

se io sono il falsario

e solo la filigrana è il mio lavoro.

 

 

DEZ POEMAS ESCRITOS EM UM MÊS

 

Dez poemas escritos em um mês

não é muito embora este

seria o décimo primeiro.

Tampouco os temas são distintos

ao contrário há um só tema

e tem por tema o tema, como agora.

Isto para dizer quanto

resta a este lado da página

e busca e não pode entrar

e não deve. A escritura

não é espelho, senão

o vidro esmerilado das duchas

onde o corpo se estraçalha

e só vislumbra sua sombra

incerta mas real.

E não se reconhece quem se lava

mas somente seu gesto.

Por isso é importante

ver atrás da filigrana,

se eu sou o falsário

e só a filigrana é meu trabalho.

 

 

Tradução: Priscila Manhães Lerner

 

 

 



 

*

Valério Magrelli, poeta italiano (1957), graduou-se em Filosofia pela Universidade de Roma. Publicou, entre outros títulos, Nature e Venture e Didascalie per la lettura di un giornale. Recebeu diversos prêmios literários, entre eles o Prêmio Montale.

*

 

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