CINE RITZ
Sylvio Back
a
incomensurável
Isabel Sarli estende os braços
e (quién
sabe) alcança o éter
maresia de desejos
nervuras afins
soberbo trapézio de seios
(gozo
infinitesimal)
tudo
é exit magenta
(réstias do exit por tudo)
bolachas Maria e marias-moles
lambuzam o véu da glande
quem
está dentro de si
fica
fora e só vai de zoom
pictóricas ancas lábios olhos ventas
(suntuosos)
pilóricas axilas umbigo sobrancelhas
(sumarentos)
sobre
o grelo torvelinho
de
pentelhos em carne viva
(suma
esgazeada)
de
que serve esperar
o
undécimo quebra-mar
(take
é sempre uma chispa
on
reverse!)
orgia
de pés e pegadas na areia
(lágrimas rupestres)
de
íris se veste la reina
pomba-gira que explode
uma
poltrona solerte (quireras
viram
cola de sapateiro)
é
delírio é desmaio é desvario
puro screen duro spleen
sem
cinema como ser perene
Sylvio Back
é cineasta e poeta. Autor de 36 filmes, sendo o mais recente
Lost Zweig. Obra poética: O caderno erótico de
Sylvio Back (1986), Moedas de luz (1988); A vinha
do desejo (1994), Yndio do Brasil (poemas do filme,
1995), Boudoir (1999), Eurus (2004) e As
mulheres gozam pelo ouvido (2008).
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Leia
outros poemas
de Sylvio Back, uma entrevista,
e um caderno especial sobre o filme Cruz
e Sousa.
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