ZUNÁI - Revista de poesia & debates

 

 

FABRÍCIO MARQUES



 

FAÇA VOCÊ MESMO A SUA CAPELA SISTINA
(Versão nº 2)

Me concentro
Não há centro

Só margens
do centro
a céu aberto

Dentro
o movimento da urbe
alígero

Súbito breu
periferia
à espreita

Luz que se move
periferida
perniaberta

Entre brechas
me concentro

Desde o centro
secreto
em surdina

que súbito
se abre

(sob o céu
da luz
uma outra luz
se insinua)

À margem
do mundo

Não

centro

Estou
no páreo

NOTA:
Faça você mesmo a sua Capela Sistina - Nome da série de pinturas e poemas do artista plástico Pedro Moraleida (1977-1999)

 

DEMARCANDO O TERRITÓRIO

Estou

(aqui não tem lugar pra flâneur

aqui
ninguém canta ou baila, só há
dias úteis cheios de horas inúteis
pistas que despistam
tudo é texto fora do contexto

aqui Goethe não grita "mais luz",
nada transborda ou sobra

aqui não tem aqui e agora

considera: desse contorno
ninguém entra ninguém sai)

Entre

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Fabrício Marques, poeta e jornalista, nasceu em Manhuaçu (MG), em 1965. Publicou os livros de poesia Samplers (2000), Meu Pequeno Fim (2002) e o ensaio Aço em Flor: a Poesia de Paulo Leminski (2001). É editor do Suplemento Literário de Minas Gerais.
 

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Leia também o ensaio do autor sobre
Antonio Risério e a entrevista que realizou com o mesmo autor.

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