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DAMSI FIGUEROA
SI
FUESE LA JUDÍA
Si
fuese la judía
abriría las puertas de la ciudad
de un soplo
Soportaría la injuria del cautiverio
Viuda y virgen sería a la vez
Devoradora de ejércitos
Y le bastaría ser hombre
para caminar erguida sobre sus muertos
Pero a la judía le bastó ser mujer
para beber en exceso
para comer en exceso
y pasear por los sueños desnudos
de los asirios
Inventiva solitaria
Amamantadora universal
Razón del tiempo y de la historia
Si fuese la judía
levantaría con su belleza
los templos caídos de la Tierra
cortaría la cabeza de Holofernes
para saltar a la luz
desde su cueva
Pero es Judith la que espera
por el espejo encorvado de su destino
Nuestra Judith aún no está bendita
y envejece a la par
de los cortejos de Eleofonte
el tejedor de cantos opacos
como el aura
de su propio culo reseco
SE
FOSSE A JUDIA
Se
fosse a judia
abriria as portas da cidade
com um sopro
Suportaria a injúria do cativeiro
Viúva e virgem ao mesmo tempo
Devoradora de exércitos
E lhe bastaria ser homem
para caminhar erguida sobre seus mortos
Porém à judia lhe bastou ser mulher
para beber em excesso
para comer em excesso
e passear pelos sonhos desnudos
dos assírios
Inventiva solitária
Amamentadora universal
Razão do tempo e da história
Se fosse a judia
levantaria com sua beleza
os templos caídos da Terra
cortaria a cabeça de Holofernes
para saltar à luz
desde sua cova
Porém é Judith a que espera
pelo espelho encurvado de seu destino
Nossa Judith ainda não está bendita
e envelhece à par
dos cortejos de Eleofonte
o tecedor de cantos opacos
como a aura
de seu próprio cu ressecado
Traduções:
Claudio Daniel
*
Damsi
Figueroa
(Talcahuano, 1976). Em 1994 publicou seu primeiro
livro, Judith y Eleofonte, e em 2003, Cartografía
del éter. Seus poemas tem sido publicados em várias
antologias, entre as quais Poetas Chilenos para el
Siglo XXI (1996), Ecos del Silencio (1998) e
Informe para Extranjeros (2001).
Leia outras
traduções
de Damsi
Figueroa.