ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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LEÓN FÉLIX BATISTA

 

 

velámenes de algas
infestan la extensión

sondeo el intervalo
recamado de hexagramas:
el gozne de las piernas
con una caracola
incisa en la corriente de los vórtices

su cabeza bucólica, su boca,
dice acordes en almíbar,
estrato de centeno
soluble en las falanges
el ábaco fugaz de las clinejas

seguro soy de cera entre su córtex

  

velâmens de algas
infestam a extensão

exploro o intervalo
adornado de hexagramas:
a dobradiça das pernas
como um caracol
inciso na corrente dos vórtices

sua cabeça bucólica, sua boca,
diz acordes em calda,
extrato de centeio
solúvel nas falanges
o ábaco fugaz das tranças

seguro sou de cera entre seu córtex

 

bocas tensas

 

entre redes de sargazos,

los torsos como láminas

del muro antiguo piedra

 

estructura cavernosa

vibrándome en las glándulas

formándose en islotes de anarquía

 

al roce cáustico

mi cráneo es cripta;

los órganos son témpanos

que intentan estallar,

abrir un agujero diafragmático

 

esquirlas de la carne

vacantes de sentido,

presente revocado de reflujos:

en ellos se ha injertado

suturas de sentido

siguiendo coordenadas subconscientes

 

bocas tensas

entre redes de sargaços,
os torsos como lâminas
do muro antigo granizo

estrutura cavernosa
vibrando-me nas glândulas
formando-se em ilhotas de anarquia

ao toque cáustico
meu crânio é cripta;
os órgãos são tímbales
que desejam estalar,
abrir um agulheiro diafragmático

lascas da carne
vazias de sentido,

presente revogado de refluxos:
neles se enxertou
suturas de sentido
seguindo coordenadas subconscientes

 

 

espirales agilísimas

bajo bruma de acuarela

 

el mar es pura brea

que ocluye las agallas

 

yo respiro con la asfixia

de la mitad del Tao:

 

con la boca yo busqué su vena cava

 

 

espirais agilíssimas
sob bruma de aquarela

o mar é puro breu
que oclui as guelras

eu respiro com a asfixia
da metade do Tao:

com a boca eu busquei sua veia cava 


vocábulo venéreo

contra el acantilado

 

otro nudo al que cedí mis genitales

 

percibo el mar de lava

que rompe sus pigmentos

abierto a un porvenir

de lecho salitroso

 

los labios, como símil,

suturas que laceran

el nudo marinero

del mar en la garganta

 

 

vocábulo venéreo
contra o alcantilado

outra nudez a que cedi meus genitais

percebo o mar de lava
que rompe seus pigmentos

aberto a um porvir
de leito salitroso

os lábios, como símile
suturas que laceram
o desnudo marinheiro
do mar na garganta

 

 

el sexo apenas mar,

movimiento con almejas:

accidente derramando parlamentos

 

en jornadas de bandido,

de nivel y desnivel,

imperfecta la rapiña de espesuras

 

así purificado

pero cartilaginoso

 

cimentado en los preceptos de Mercurio

 

 

o sexo apenas mar,
movimento com almêijoas:
acidente derramando parlamentos

em jornadas de bandido,
de nível e desnível
imperfeita a rapina de espessuras

assim purificado
mas cartilaginoso

cimentado nos preceitos de Mercúrio

 

 

alas frescas

en las vértebras cursivas

 

volar es un arcano anfibológico

 

ella escala hasta sí misma

desde el gráfico del yermo

a las dunas seculares

respirando mar remoto

 

monolito desplegado

bajo pulso de medusa

destemplando las mesetas de la mente

 

geometrías que fecundan

ambas cámaras del cráneo

y las pértigas expuestas por mi expolio

 

el registro de las hojas

estragando las estrías

 

y Susana nunca es mía en esta edad

 

 

asas frescas
nas vértebras cursivas

voar é um arcano anfibológico

ela escala até si mesma
desde o gráfico do ermo

às dunas seculares
respirando mar remoto

monólito despregado
sob pulso de medusa
congelando as mesetas da mente

geometrias que fecundam
ambas câmaras do crânio

e os pértigos expostos para meu espólio

o registro das folhas
deteriorando as estrias

e Susana nunca é minha nesta idade

 

cuando amé, depredé

las superficies tersas,

el volátil equilibrio de la duna

 

cuando ví quise arder

con la piel del farallón

en los ángulos agudos del menguante

 

una ola arrancada

de la tinta corroída

sólo escupe contenidos epilépticos

 

 

quando amei, depredei
as superfícies tersas,
o volátil equilíbrio da duna

quando vi quis arder
com a pele do recife
nos ângulos agudos do minguante

uma onda arrancada
da tinta corroída
só cuspe conteúdos epilépticos


(Poemas do livro Mosaico fluido)

*

Traduções: Adriana Zapparoli

 

*

León Félix Batista, poeta, tradutor e ensaísta, nasceu em Santo Domingo (República Dominicana), em 1964. Publicou quatro livros de poesia: El Oscuro Semejante (1989), Negro Eterno (1997), Vicio (1999; Buenos Aires - com o título de Crónico - 2000) e Burdel Nirvana (2001). Em Barcelona, publicou a plaquette Tour por Todo (1995). No Brasil, foi publicada a antologia Prosa do que está na esfera (Olavobrás, 2003), organizada e traduzida por Claudio Daniel e Fabiano Calixto.

 *

Leia outras traduções e poemas em espanhol do autor.

*

 

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